quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Carta do Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre aos Irmãos e Irmãs Tembés de Santa Maria do Pará

Irmãos e Irmãs Tembés,

Nós, do Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre, manifestamos nosso sentimento de solidariedade, esperança e luta pelas causas indígenas da região do Xingu, que estão sob a ameaça de terem destruídas sua vida, memória, cultura, natureza, riqueza, orgulho, etc. diante da possibilidade de construção da Usina Hidrelétrica de Belo “Monstro”.

Nossas ações e gritos já ecoam pelo mundo afora. Um protesto pacífico, cheio de convicção e energia, organizado pelo Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre e Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), repercutiu até na Conferência de Copenhague (COP-15) e marcou o dia 11 de dezembro em Belém.

Pelas ruas dos bairros do Guamá e da Terra Firme cerca de 200 ativistas sociais que são contra a construção de Belo “Monstro” marcharam desde a UFPA até a sede da “Eletromorte”, na avenida Perimetral.

Nós protestamos contra a forma que o Governo Federal vem conduzindo a política de implantação de grandes projetos na região Amazônica. Na empresa, passamos pelo bloqueio policial e de funcionários, para entregamos a representantes da “Eletromorte” a “Carta em Defesa da Vida”, assinada por diversas entidades. Ela foi lida por Antônia Melo, uma das principais vozes na defesa da vida do Xingu, e diretora do Comitê Xingu Vivo para Sempre.

O documento objetiva demonstrar nossa indignação com a obra e barrar a construção da usina. Este documento vai ser encaminhado à Eletrobrás e ao Ministério das Minas e Energia, que gerencia as obras de construção da usina.

Além de membros do Comitê Metropolitano e do movimento estudantil, participaram desse ato representantes de movimentos e comunidades dos rios Xingu, Tapajós e Madeira - que estão na lista do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para serem atingidos por projetos de hidrelétricas. Contamos ainda com a honrosa participação de três lideranças indígenas Tembés, lideranças da região da Transamazônica, o irmão da missionária Dorothy Stang, David Stang, o bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Kraütler, entre outros.

Além dessa ação, o Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre, realizou outras ações para mostrar à cidade a luta contra o Belo “Monstro”, entre as quais se destaca o protesto realizado durante “audiência pública” de Belém (15/09/09) onde contamos com valorosos guerreiros e guerreiras Tembés.

Ontem, dia 15 de dezembro de 2009, o Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo para Sempre em reunião, decidiu que no dia 14 de janeiro de 2009, às 18 horas,na sede da UNIPOP, estaremos fazendo o nosso planejamento para articularmos várias outras ações que queremos colocar em prática em 2010, ano que, certamente, será de bastante luta e que precisamos contar com a vossa participação.

Por isso, irmãos e irmãs, reiteramos que estaremos em apoio mútuo com vocês em busca da vitória e manutenção dos protestos em defesa da Amazônia e de um modelo de desenvolvimento que garanta a preservação de nossa rica biodiversidade, a sustentabilidade e dignidade do nosso povo.

Esperamos que um dia nossa terra seja livre e possamos viver nela em paz, solidariedade e alegria. Temos a certeza de que podemos também contar com o apoio de vocês na luta de uma vida digna. Aproveitamos para reiterar a nossa solidariedade e o nosso apoio a luta justa dos índios Tembés, que vivem na região de Santa Maria do Pará (Areal e Jeju) e pela demarcação e posse de suas terras.

Não foi à toa que nossos passos e nossas palavras vieram do fundo da história. Nada nos deterá. Viemos aqui para dizer:

Águas para a Vida e não para Morte!
O Belo Monstro não passará!
Rio Xingu vivo para sempre!
Terras para os Tembés.


Saudações da Luta e de Solidariedade.


Belém, 16 de Dezembro de 2009.

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