sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sob protestos, Casa Civil declara instalado Comitê Gestor do PDRS Xingu




Indígenas, agricultores e movimentos sociais protestam em primeiro encontro da organização; indígenas denunciam nomeações ilegais para o Comitê

Teria sido uma solenidade asséptica - como todos os espaços que o governo tem criado para falar sobre Belo Monte -, não fossem mais uma vez os indígenas, agricultores, ribeirinhos e movimentos sociais de Altamira e região.

Hoje, as populações contrárias à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte acordaram cedo para protestar durante a instalação do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional do Xingu (PDRS Xingu). O Plano, que anteriormente fora recusado pelas organizações sociais da região, segue polêmico.

"Nem a composição do Comitê e muito menos a criação do PDRS Xingu foram debatidos com a população e as organizações da região. Todo o processo é irregular", explica a coordenadora do MXVPS , Antonia Melo.

Cerca de 50 manifestantes entraram no Centro de Convenções de Altamira empunhando diversas faixas que questionavam o caráter do Plano e do Comitê Gestor. O ato foi coordenado pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS).

Pressionado pelos discursos e faixas, o representante da Casa Civil, Johaness Eck, coordenador da mesa, cedeu o microfone a representantes dos movimentos regionais a falarem para a plateia.

O representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Moises Costa, entregou uma amostra de como a água do rio Xingu ficará após a construção da barragem. "Esse é o resultado da exploração que o capital realiza nos territórios. O Comitê é um teatro ", disse.

"Nós já denunciamos antes, e havíamos decidido não participar. Mas agora eles foram ainda mais longe: simplesmente falsificaram as nomeações indígenas", denuncia a liderança indígena da Aldeia Boa Vista, Sheyla Juruna.
Enquanto o representante da Casa Civil na mesa elogiava o espetáculo democrático do Comitê Gestor, latifundiários e madeireiros na plateia gritavam palavras de ordem racistas e ameaçadoras, em nítido desacordo com a postura do governo.

Além dos 60 membros que compõem o Comitê, havia dezenas de membros do governo federal, estadual e municipais locais; parlamentares de todas as esferas; madeireiros, latifundiários e empresários da região; além de funcionários públicos liberados para acompanhar a solenidade.

Nomeados ilegalmente, indígenas se retiram do Comitê Gestor até que novo processo seja realizado

E quando a mesa do Comitê Gestor tentava começar os trabalhos da primeira reunião da entidade, eis que um grupo ainda maior de indígenas, agricultores e movimentos sociais ocuparam a parte frontal da reunião do Comitê.

"Nenhum dos indígenas nomeados pelo governo para o Comitê Gestor foram consultados pela Funai. Nós não concordamos com o modo como este processo foi feito, e exigimos que isto seja revisto", afirmaram as lideranças, que se recusaram a participar da instalação e se retiraram imediatamente do local, em conjunto com os agricultores e outros participantes do protesto.

O Governo Federal saudaram o espetáculo democrático. Parlamentares, prefeitos locais e representantes de ministérios saudaram a construção de Belo Monte e o PDRS. Johannes declara inaugurado o Comitê Gestor. Os cerca de 50 componentes são chamados para a frente do auditório. Uma foto registra o momento.


Contatos


Antonia Melo (Movimento Xingu Vivo Para Sempre/MXVPS) - (93) 9135.1505


Moisés Costa (Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB) - (93) 9144.9735


Sheyla Juruna (93) 9139.4388


Zé Carlos Arara (93) 9164.1671


Assessoria de imprensa


Tica Minami (11) 6597.8359


Ruy Marques Sposati - (93) 9173.8389


www.xinguvivo.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário